segunda-feira, 30 de março de 2009

Castelo da Bruxa, Coina




A Torre de Coina, ou ‘Palácio do Rei do Lixo’, como é conhecida na zona, “encontra-se em ruínas e abandonada”, garante o presidente da Junta de Freguesia de Coina, Juvenal Silvestre. O autarca diz não ter conhecimento de qual será o futuro desta torre, que chama a atenção a quem circula pela Estrada Nacional n.º10 na zona de Coina, mas afirma que a junta fará “todos os esforços possíveis para que este símbolo enigmático da freguesia seja recuperado”.

A torre é pertença da empresa Xavier de Lima, pelo que o presidente da junta salienta que “não é fácil entrar na propriedade, que se destina a construção”, sublinhando, no entanto, que, “quando se começar a construir na zona, todas estas questões relativas ao palácio terão de ser acauteladas”, acreditando que também “é do interesse da Xavier de Lima que a zona seja preservada”.

João Pereira, estudante de geografia e grande interessado e curioso do ‘Palácio do Rei do Lixo’ teme que “o crescimento previsto para a zona não vá abranger o palácio”, que é “um símbolo de Coina” e acrescenta que o palácio daria uma “bela pousada”. Para o autarca de Coina, “o futuro do palácio ainda poderá ser estudado”, mas o “fundamental é que o edifício seja recuperado”, não negando as várias potencialidades do edifício, como “uma pousada, um lar ou um espaço para os serviços”.

A quinta onde se encontra a Torre de Coina foi propriedade rural, no século XVIII, de D. Joaquim de Pina Manique, irmão do famoso intendente de D. Maria I, Diogo Inácio Pina Manique. A propriedade foi depois adquirida, no século XIX, por Manuel Martins Gomes Júnior, comerciante natural de Santo António da Charneca, que em 1910 mandou construir a chamada ‘Torre de Coina’, diz-se, para que “conseguisse avistar a propriedade que possuía em Alcácer do Sal”, conta Juvenal Silvestre.

Manuel Martins Gomes Júnior era conhecido como o ‘Rei do Lixo’, devido ao exclusivo que tinha para a recolha dos detritos da cidade de Lisboa, e tendo feito fortuna a comprar e vender lixo. Profundamente ateu, Manuel Gomes Júnior transformou a ermida da propriedade em armazém e estábulo e baptizou a herdade de ‘Quinta do Inferno’. Posteriormente, e através de António Zanolete Ramada Curto, genro do ‘Rei do Lixo’, a propriedade tornou-se numa importante casa agrícola. Em 1957 foi vendida aos grandes proprietários e industriais de curtumes, Joaquim Baptista Mota e António Baptista, que constituíram a Sociedade Agrícola da Quinta de S. Vicente e transformaram a propriedade numa importante exploração pomícola.

Já na década de 70, a propriedade foi adquirida por António Xavier de Lima, conhecido construtor da margem sul do Tejo, que, segundo o presidente da Junta de Freguesia de Coina, “comprou toda a Quinta de S. Vicente e os terrenos adjacentes às quintas, tornando-se assim proprietário”. Em 1988 ocorre um incêndio de contornos misteriosos que veio contribuir para o estado degradado do palácio, na altura já desabitado há 18 anos. Juvenal Silvestre diz que realmente “não se sabe como o incêndio ocorreu, mas que não se pode estar a especular”.

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